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Setembro de 2015. O corpo de um pequeno menino é encontrado numa praia da Turquia. Instantaneamente, a imagem é compartilhada e choca o mundo. Uma linda criança síria, vítima de um dos tantos naufrágios que aconteceram na época, quando seu povo imigrava para países europeus, naquela que foi considerada a maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial.
Março de 2022. Um menino de 11 anos atravessa sozinho a fronteira da Ucrânia com a Eslováquia, levando uma sacola plástica, seu passaporte e um número de telefone escrito na sua mão. Um trem parte de uma estação repleto de crianças doentes, auxiliadas por mães e voluntários em busca de refúgio em outro país. Um pai se despede em desespero de sua família, sem poder revelar a seu pequeno filho o triste motivo da separação. Quem não conseguiu fugir da guerra, passou a ter como lar os subterrâneos, transformados também em hospitais e maternidades.
Através dos jornalistas e especialistas, passamos a conhecer a história e os conflitos políticos que motivaram o grave conflito no Leste Europeu e nos assustamos com as suas consequências. Mas nem o conhecimento de que seremos atingidos com os danos econômicos ou políticos é capaz de nos afetar tanto quanto o desespero das famílias e das suas crianças inocentes. Estamos acompanhando de forma imediata a crueldade absoluta de uma guerra e, com essa experiência, passamos a compreender a necessidade e a urgência de que uma cultura de pacificação seja construída entre todos os povos.
Como disse Mahatma Gandhi, não existe um caminho para a paz, pois a paz é o próprio caminho. Ela não deve ser uma meta ou uma conquista a longo prazo, mas sim uma filosofia e um modo possível e imediato de se viver. A paz deve começar dentro de cada um de nós e necessita ser expressada através de nossas atitudes e exemplos, numa verdadeira ação educativa.
A paz começa quando educamos nossos filhos para servir e respeitar os outros, cultivando a harmonia e o respeito em nossos lares. A paz se faz presente quando praticamos a tolerância, o perdão e a empatia em nosso trabalho, nos grupos de amigos, na rede social e em todos os lugares onde estivermos. A paz será alcançada quando for cultivada dentro de cada pessoa, na conquista de um espírito harmonioso e de amor a si mesmo, pois ela nasce no nosso íntimo e se espalha através de nossas palavras, gestos e ações, como uma semente que busca encontrar um terreno fértil. Necessitamos iniciar o cultivo de uma cultura pacifista. É uma missão que deve ser assumida por todos.
Se a visão de um menino morto na praia nos afeta de uma forma tão contundente, se o poder de destruição de um míssil sobre as cidades nos impressiona, se o desespero de um pai e de uma mãe nos entristece, se a coragem de uma criança solitária que busca refúgio em outro país nos emociona, ainda existe uma esperança. Sejamos os agentes ativos pela conquista de um mundo melhor.